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You | Uma série e várias obsessões

Foto do escritor: Orquídea PolóniaOrquídea Polónia

Atualizado: 2 de out. de 2020

Estamos no final da quarentena e parece que o ritmo, já mais normalizado, ainda não voltou por completo ao que era antes. No mundo televisivo e cinematográfico este atraso é mais evidente, com estreias adiadas e séries atrasadas devido à paragem das equipas.

Logo, com menos séries para atualizar, aceitei a sugestão de ver You, uma série que já me tinha suscitado curiosidade pelo tema e por ter sido tão bem acolhida pelo público. Tinha que saber, valia assim tanto a pena?





You conta a história de Joe e Beck, que se conhecem na livraria onde Joe trabalha e depressa se apaixonam. Um casal jovem e apaixonado, ele livreiro e leitor, ela escritora... Tudo parece bem. Não fosse a obsessão de Joe. Ele não confia nas pessoas que se dão com Beck, assim como não confia nela. Considera que, por amor, deve fazer tudo para a proteger, controlar tudo. Para isso, utiliza a perseguição, mentira, manipulação e mesmo homicídio. Será que a romântica incurável Beck, já com tendência a escolher homens a precisar de salvação, perceberá a verdade sobre Joe e o seu lado obscuro?


Bem, tendo em conta que as primeiras duas temporadas já estão finalizadas há algum tempo e já muita gente viu, vou tomar a liberdade de mencionar alguns SPOILERS.


Joe segue Beck, tem acesso às suas redes e sabe tudo o que ela faz. É um amor doentio que depressa o entrega como culpado e doente mentalmente, em vez de um homem romântico. Mantendo o sentido complexo, nunca a série o desculpa ou o vitimiza, o que é bom. Considero, até, que pode ser um bom alerta para os perigos das relações com pessoas que não conhecemos assim tão bem. E não só, pois hoje em dia expomos muita da nossa vida nas redes sociais e etc, facilitando a vida a stalkers! Acho que esta série se transformou num enorme grito de alerta nesse sentido, tornando-se interessante.




Dito isto, não era bem o que estava à espera. Pensei que com tanto crime haveria mais suspense, mas saiu-me uma série adolescente cheia de drama romântico. Não significa que não tenha gostado, gostei e recomendo a quem gosta do género. Mas não é espetacular e há coisas que me desagradaram. Aliás, uma terceira temporada preocupa-me. Então porquê?


A primeira temporada, na minha opinião, já caiu no erro da repetição. A dada altura cansei-me das idas e voltas de Joe e Beck. Fiquei surpreendida com o final da temporada e não percebia mesmo o que iriam fazer numa segunda.

Ou seja, SPOILER ALERT, com ela morta e ele impune, como poderíamos continuar? Quando vemos que a Candace está viva, pensamos que talvez seja por aí. Tenho pena, pois ela pareceu-me uma personagem interessante, menos "mosca morta" até que a Beck, mas não foi tão bem explorada como eu gostaria. Somos introduzidos a Love, que apesar de ser uma romântica incurável nos dá a sensação (pelo mim a intuição dizia-me isso) de que algo não está bem nessa personagem... No entanto, tudo se torna uma repetição da primeira temporada: Joe a gostar imenso delas, uma relação com idas e voltas, o passado dele a assombrá-lo, os crimes que ele tem que cometer pelo caminho, as mortes inerentes, o facto de ele ter alguém menor de idade que protege...


Por momentos pensei: será que vale a pena? Continuei por curiosidade e a resposta é: sim, valeu. Temos um fim surpreendente (não por completo, mas ainda assim), que fez uma reviravolta interessante na série. No entanto, não vemos um Joe preso nem um Joe feliz, o que me deixou um bocado confusa. Bem, (SPOILER de novo) ao encontrar alguém como ele e ao ser igualmente amado, não deveria ficar feliz ao invés de se sentir preso e sufocado, a cumprir um castigo? Claro, tudo se justifica com a sua doença mental.

Este final cliché, que parece querer iniciar um novo ciclo, em conjunto com a confirmação de uma terceira temporada, deixa-me preocupada. O que será que vai acontecer? Mais uma repetição de tudo o que já vimos? Ou teremos algo inovador?


Mesmo com estas melhorias necessárias, não deixa de ser uma série interessante, com uma abordagem educativa sobre o amor tóxico e a doença mental. Nesse prisma, aconselho! Estou curiosa para ler o livro!

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