Já falei aqui sobre o quanto me maravilhei coma série The Haunting of Hill House, assim como com o livro que lhe deu vida. Esta série da Netflix foi das melhores coisas que aconteceu nos últimos tempos. Quando soube que iria existir uma nova temporada, mesmo que com uma trama diferente, fiquei super entusiasmada! Sim, expetativa elevada ao máximo. Terá valido a pena?
The Haunting, da Netflix, avança com a sua continuidade, alterando o título da segunda temporada para The Haunting of Bly Manor. A história tem como base o livro de Henry James, "Calafrio - The Turn of the Screw". Muito resumidamente, uma jovem é contratada para cuidar de dois irmãos órfãos, em Bly, Inglaterra. No entanto, nem tudo corre bem quando eventos sobrenaturais começam a acontecer.
Estas duas frases acabam por resumir aquilo que a série e o livro têm um comum, sendo esta história já bastante explorada. As adaptações começam já em 1961, com "Os Inocentes". Provavelmente é a obra mais fiel ao livro e que acaba por ajudar bastante a interpretar o mesmo, sendo notável a sua influência nos outros filmes e série. Existe um outro filme de 2009, que ainda não vi, assim como um mais recente, já de 2020, "Calafrio". Este filme já o vi, mas não correspondeu às minhas expetativas. Senti sempre que faltava acontecer alguma coisa para conferir qualidade ao filme até que, no fim, nos dão uma explicação dúbia e nos convidam a tirar as nossas próprias conclusões. Por vezes isso resulta e torna-se num truque genial, mas desta vez achei que ficou demasiado confuso!
E então, como para que a história se redimisse, é anunciada a série.
Na série, uma governanta, Danielle, é também contratada para tomar conta de duas crianças, Miles e Flora, que ficam órfãos após um acidente dos pais, acabando sob os cuidados de um tio que não lhes dedica o devido tempo, nem é próximo às crianças. Assim, Dani logo se encanta pelos irmãos, num papel que lé fiel ao livro e ao filme de 1961, pela extrema educação e inteligência das crianças. As crianças estavam com Mrs. Grose, que cuida da casa, interpretada aqui por T'Nia Miller com mestria, assim como com o cozinheiro, Owen, e a jardineira, Jamie. Depressa percebemos que eles não são os únicos lá em casa, com muitos habitantes fantasmagóricos presos na mansão.
Esses fantasmas têm influência direta nas crianças, principalmente em Miles, que começa a adotar comportamentos estranhos e inadequados. Acaba por fazer lembrar Peter Quint, antigo mordomo que desapareceu, encontrando-se, na verdade, morto.
Neste sentido, tenho que mencionar as brilhantes interpretações, sobretudo destes atores mais novos que, sendo tão pequenos, conseguiram surpreender bem. Amelie Bea Smith dá vida a Flora, tendo apenas 9 anos, mas conseguindo captar exatamente a essência de uma menina delicada e educada, cuja coragem se sobressai. Já Miles é interpretado por Benjamin Evan Ainsworth, de 10 anos, mas capaz de expressar perfeitamente uma personagem complexa, exprimindo majestosamente a influência de Quint no personagem. Por último, tenho que dizer que Victoria Pedretti também fez um trabalho muito bom na série.
Apesar de tudo, não podemos esperar um elevado nível de terror ou de sustos, ao contrário da primeira temporada. Confesso que fiquei desiludida ao ver esta mudança de rumo, desde uma série que nos dava alguns jump scares até uma nova temporada tranquila, com momentos assustadores raros. Aliás, a série começa mesmo de forma lenta, demorando para explicar a trama em si, com episódios que parecem arrastar-se um pouco. No entanto, com o aproximar do final, tudo se torna claro, complexo e comovente. Acaba por se demonstrar a série genial que The Haunting nos habituou. Tem um final decente e bonito. No fundo, é uma história de amor bonita e profunda.
O melhor da temporada são as reviravoltas e as surpresas que nos vão sendo mostradas, fazendo-nos estar certos que vale a pena continuarmos agarrados ao ecrã. Ao contrário do livro e filmes, o ponto de vista da narração vai mais além da personagem principal, Dani, o que acaba por nos dar uma visão mais isenta. Os eventos sobrenaturais são verdadeiros, não existindo dúvida se é apenas um truque psicológico da mente da governanta.
No caso do livro, confesso que não gostei assim tanto, Apesar de ser algo muito curto e rápido de se ler, talvez por já ter sido escrito numa outra época, a linguagem, que inicialmente parece clara e envolvente, torna-se confusa e toda a trama também. Sendo um dos objetivos do autor deixar-nos exatamente confusos (será tudo imaginação da ama ou os fantasmas existem? Saberão as crianças?), a verdade é que está tudo demasiado implícito. Mesmo numa história curta (que não é um conto), a trama é lenta.
Deixo-vos aqui o trailer de The Hauting of Bly Manor, caso ainda não tenham visto e estejam com curiosidade! Quem já viu, partilhe connosco a opinião!
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