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Marionetas sem Fios | O mistério inacabado do Cipestre

Foto do escritor: Orquídea PolóniaOrquídea Polónia

Quando esta novidade da Harper Collins saiu, soube logo que queria ler!

Não sei se pelo título sugestivo ou se pela capa obscura e, ao mesmo tempo, atrativa e detalhada. É claro, falo de "Marionetas sem Fios", da autora Tadea Lizarbe.

A editora disponibilizou-me um exemplar para darmos a nossa opinião (além daquele do passatempo que fizemos aqui no blog). Vamos lá, que preciso mesmo de falar sobre este livro!





Vamos, então, começar com a sinopse:

"Tadea Lizarde usa o contexto de um crime cometido no ambiente de uma situação de maus-tratos e o resultado é um thriller psicológico apaixonante, em que qualquer um pode ser culpado e em que as linhas entre a bondade e a maldade desaparecem à frente dos olhos do leitor."


 

A sinopse não nos revela muito, pelo que ficamos completamente às escuras, a pensar sobre o que vem aí. Que história é esta das marionetas sem fios?

É então que a autora começa logo por nos introduzir uma das personagens: Ada. Ada acabou de perder o marido, que faleceu num acidente. Ficou sem chão e tudo o que queria era morrer, tentando o suicídio, o que a levou a um hospital psiquiátrico. No entanto, Ada não deixa de ser audaz. Sendo uma mulher auspiciosa, rapidamente sai daquele hospital com o objetivo de concretizar o seu plano. No entanto, encontra um motivo para viver.

De seguida, a autora apresenta-nos outra personagem, Bruna. Ela foi a polícia que disse a Ada que o seu marido estava morto, sendo cuidadosa com ela, mostrando empatia. Bruna é uma mulher feroz, inteligente e que gosta de pensar fora da caixa, o que a torna melhor polícia e a candidata ideal para substituir o subinspetor que se vai reformar. O único oponente é Martín, o seu parceiro, por quem está apaixonada.

O que têm em comum? Além deste momento que começa o livro, onde uma conta à outra que o marido está morto, Ada é taquígrafa do Tribunal, pelo que já se cruzaram. Mas, o mais importante, cada uma tem algo forte e genial dentro de sim, que é capaz de cruzar as linhas da bondade e da maldade, algo obscuro e macabro. Ada chama-lhe a Velha Conhecida. Bruna prefere a Indiscreta. É o subconsciente.

Ada sobrevive à morte do marido agarrando-se a essa parte mais fria e cruel de si, com a ajuda de um anónimo que lhe manda cartas, o Cipestre. Já Bruna é resistente e apenas quer descobrir a verdade, pelo que começa com um crime de um assassino marionetista e acabando a aproximar-se do Cipestre. Quem será o Cipestre?



O livro começa logo de forma cativante, juntando as duas personagens que serão principais.

O interessante é que não conhecemos Ada e Bruna apenas de forma superficial, mas sim em toda a sua complexidade, como um cubo onde conseguimos ver as várias faces. É algo raro na escrita e Tadea consegue-o muito bem. Conhecemos as personagens pelas suas características, mas também pela forma como se relacionam com os outros e, sobretudo, pelos seus pensamentos inconscientes, como se fosse possível ouvirmos os seus pensamentos e saber mais sobre elas do que elas próprias.





O cenário de crime é interessante, cativando-nos desde o início, queremos saber mais. Percebemos que o Cipestre é a entidade que tenta recrutar Ada para ceder aos seus instintos mais cruéis, a mesma que é responsável pelo crime que Bruna está a investigar. Com o desenrolar da história, vamos descobrindo que não podemos confiar em muita gente, que a linha entre o bem e o mal é muito ténue e que pode ser apagada pela nossa fragilidade.

Sendo a autora psicoterapeuta, conseguiu desenvolver muito bem as fragilidades psicológicas das personagens, assim como a importância do subconsciente. Há também aspetos que tocam na psicopatia a enriquecer esta receita.


No meio de tanto drama e mistério, este livro tem romance. Falo de Bruna e Martín, o seu parceiro de trabalho. Há química nas personagens e eu gostei bastante desta interação. De facto, fiquei à espera de mais e queria que eles tivessem tido mais "tempo de antena" e um outro desfecho.


Temos, então, aqui um livro muito bom. Uma escrita fluída e simples, atrativa. Um enredo interessante recheado de boas personagens. Um crime cativante, um mistério que nos prende. Só ingredientes de sucesso!

Em que pecou o livro? Qual a grande falha? Para mim, o fim. Soube-me a pouco. Aliás, procurei mesmo por mais páginas, na esperança que estivesse a perder algo. Pareceu-me a mim que o livro foi cortado, foi um fim sem fim. Mais do que um final em aberto, ficamos sem desfecho. Sobretudo, no que diz respeito ao crime e a Bruna. Sim, ficamos a saber mais sobre o Cipestre e o seu modo de atuar, mas justamente quando isso provoca uma alteração na forma de atuar de Bruna e, sobretudo, Ada, o livro acaba.


Espero mesmo que isso signifique que teremos uma sequela e que um segundo livro nos traga respostas. Foi frustrante dedicar-me a uma leitura de forma intensa para, no fim, sentir que não chegamos a lado nenhum!


Quem já leu? Concorda comigo?


18 visualizações1 comentário

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1 comentario


Alexandra Guimarães
26 abr 2020

Quando vi este livro, também fiquei curiosa com o mesmo. Ainda não o li. Relativamente às opiniões que tenho lido verifico que há quem tenha gostado e outros que esperavam mais.

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