Leslie Wolfe tem sido uma das autoras que mais me dá gosto de ler ultimamente, com thrillers simples e refrescantes, de personagens entusiasmantes.
O terceiro livro da saga Tess Winnett foi publicado há pouco tempo cá em Portugal, depois de "A Rapariga sem Nome" e a "Rapariga que Sobreviveu", dos quais também já falei aqui. É claro, a sua leitura foi obrigatória para mim, que me deliciei quando a Alma dos Livros generosamente cedeu um exemplar para resenha.
Comecemos, então, pela sinopse:
O seu rosto bonito, sereno e imóvel, apoiado sobre o braço. O seu cabelo longo e luxuriante, ondulando suavemente na brisa noturna. Os seus olhos semicerrados e um ténue sorriso nos lábios pálidos, como se acolhesse um amante invisível.
Quando o corpo de uma jovem é encontrado no jardim da sua própria casa, uma semana após o seu desaparecimento, as provas levam os investigadores a uma conclusão assustadora: ela não é a primeira vítima de um assassino em série que até então agira nas sombras. E, definitivamente, não será a última.
A agente especial do FBI Tess Winnett junta-se aos detetives locais em busca de respostas na intrigante investigação. O agressor deixa atrás de si uma série de indícios, mas nenhuma pista viável. Quando outro corpo é encontrado, a busca intensifica-se, fazendo emergir a invulgar imagem de marca do assassino. Ele gosta de perseguir as suas vítimas antes de sequestrá-las.
Ele gosta de lhes oferecer um vislumbre do que está para chegar. Um presságio do futuro sem retorno.
Junte-se à inteligente e implacável agente do FBI Tess Winnett e à sua experiente equipa numa verdadeira caça ao homem. Uma história de fazer parar o coração e perder o fôlego, em busca de um assassino inteligente e implacável, levando o leitor num turbilhão vertiginoso repleto de mistério, ação e suspense.
Neste livro, Tess, agente do FBI, está ainda a recuperar no hospital, após as aventuras anteriores que a deixaram às portas da morte. Mesmo assim, ajuda os colegas num novo caso de um assassinato em série, com dois homens (um violador e um assassino) e muitas vítimas mulheres. É algo novo, ter uma dupla de criminosos, o que por si só aumenta a curiosidade, um duplo mistério.
Começo pela capa, que dá continuidade aos livros anterior, no mesmo tom e estilo. Mais uma vez, algo bem conseguido e que dá vontade de ler. O título, por sua vez, não tem tanto a ver com a história em si como o título original, em inglês.
A história em si é bem interessante, mas acaba por ser um bocado demasiado parecido com os outros livros anteriores. Aliás, poderia fazer copiar e colar das minhas anteriores resenhas que se iriam adequar perfeitamente.
Começa a ficar um pouco cliché, este complexo de heroína e mesmo de Deus de Tess: a guerreira ferida que luta mesmo assim pelas suas vítimas, a agente que resolve sempre o crime. Este facto é agora admitido e reconhecido no livro, de uma forma aberta que acaba por tornar mais sólida a personagem, já que pelo menos percebemos que Tess tem consciência disso, assim como quem a rodeia. Esta característica faz parte do encanto de Tess, mas ser demasiado proeminente em todos os livros torna-se cansativo.
Também à semelhança do que disse relativamente aos livros anteriores, não houve grandes surpresas no final ou na descoberta da identidade dos criminosos. Isto apesar de serem dois desta vez, mudando já um pouco a dinâmica. Um deles foi algo banal, que não causou grande impacto ou emoções. O outro, tendo um peso bem maior história, foi prevísivel já que Leslie Wolfe tem esta tendência de nos ir dando sugestões ao longo do livro.
O que mais me agrada neste livro é o crescimento pessoal e emocional de Tess, a sua capacidade de se dar com os outros, de existir em sociedade, que vai aumentando. Adoro vê-la a fazer amizades, apesar de que ela pensa tanto em trabalho que esta parte não fica bem explorada. Aliás, é engraçado a Tess não ter tido ainda, ao fim de três livros, um interesse amoroso. Gostava de ver isso acontecer, mas, por outro lado, acabo por achar que este é o ponto de destaque desta saga: termos uma personagem principal (heroína, vá) que é capaz de se destacar sozinha, sendo mulher, tendo o seu poder sem o justificar romanticamente. É difícil de escrever e construir algo assim!
Em suma, temos aqui um bom livro na medida é que a autora sabe como nos cativar e prender, recheado de boas personagens. A história a boa e os homicídios macabros criam empatia e fazem-nos querer que a justiça seja feita. Durante todo o tempo, zelamos pelas vítimas e esperamos que Tess saia vitoriosa. Nota-se, mais uma vez, os conhecimentos e as pesquisas, desde a ciência forense até à biológica e genética, apesar de tudo ser traduzido para uma linguagem simples e clara. É nisso que Leslie Wolfe é boa, em arranjar tramas e temas complexos e transformá-los em thriller leves de cortar a respiração!
Espero por um quarto livro em que o jogo mude e a história evolua, assim como Tess! E vocês?
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