Em tempos de isolamento, vamos debater sobre as nossas leituras?
Hoje trago a opinião do livro "O Talentoso Mr. Ripley", de Patricia Highsmith.
Como não quero que falte tópico para discussão, vi o filme também e irei falar do mesmo.
Mr. Ripley é um jovem americano, com grandes ambições e insatisfeito com a sua vida. Inesperadamente, recebe uma proposta de Mr. Greenleaf, o qual propõe que ele vá a Itália procurar o seu filho, Dickie. Tendo em mente as vantagens, Tom Ripley aceitou, procurando melhorar a sua vida através desta viagem com tudo pago, onde poderia elevar a cultura a aproveitar uma nova vida. O objetivo da proposta, encontrar Dickie e convencê-lo a voltar para casa, estaria em segundo lugar.
Já em Itália, Tom encontra Dickie e depressa eles se tornam inseparáveis. Tom vê no antigo colega um irmão - se não algo mais. Poderia ele ficar com a sua vida? No entanto, esta vida que o faz feliz não dura sempre e as coisas começam a correr mal. Dickie tem uma namorada ou pretendente e não está para ser tão próximo de Tom para sempre. É nessa altura que tudo começa a piorar e Tom surpreende-nos com as suas ações.
O principal ponto positivo do livro é a construção da personagem principal, Tom Ripley. Há um contraste entre o que é e não é socialmente aceite, entre o bem e o mal. O jovem começa por ser um pouco egoísta, mas com boas intenção. Com um pensamento invulgar, acabamos por nos afeiçoar um pouco a Ripley. Com o avançar das páginas, percebemos que ele não é só inteligente e genial. É um rapaz cuja vida familiar não foi fácil e que isso sempre teve repercussões no modo como constrói os laços com os outros.
O mais interessante é a mestria com que a autora consegue transportar essa dualidade da história e da personagem para os leitores. Por um lado, cada vez mais nos indignamos com as coisas que Tom é capaz de fazer, queremos mesmo que as seus mentiras sejam descobertas. Por outro lado, simpatizamos com ele e queremos que ele tenha o seu final feliz.
Existem várias diferenças entre o filme e o livro, mas posso dizer que gostei de ambos. É claro, tenho que dar preferência ao livro que, sem estar aqui a revelar mais do que o que já disse, é mais completo e dá-nos uma proximidade maior a Tom. As personagens parecem-me mais fúteis e supérfluas no filme. Pelo menos no livro quase entendemos as intenções de Ripley.
Por outro lado, gostei da ilusão que o filme nos deu de quase ter um final feliz, numa reviravolta um pouco mais surpreendente que o final bem simples do livro.
E vocês, que acharam? Filme ou livro?
Deixo aqui o trailer: