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55 | O mistério sem final

Orquídea Polónia

Estamos de volta aos policiais! Desta vez, quero falar-vos sobre um autor que li pela primeira vez, James Delagy, e o seu livro "55", uma novidade da Bertrand. Vamos lá ver o que esta obra de mistério nos oferece!

Esta leitura foi cortesia da Bertrand Editora, que nos disponibilizou o livro para vos dar a opinião.




Antes de mais, deixo-vos aqui a resenha:


Dois homens fogem um do outro. Qual deles é a vítima? Qual é o assassino? Gardner’s Hill é uma pacata cidade australiana, um lugar isolado rodeado de vida selvagem e onde não acontece muita coisa. Mas um dia tudo muda. Pela esquadra da polícia, chefiada pelo sargento Chandler Jenkins, um homem habituado a pequenos distúrbios e conflitos familiares, irrompe um forasteiro ferido e a cambalear. O desconhecido chama-se Gabriel e conta a Chandler aquilo de que se lembra. Foi drogado e levado para um barracão nas montanhas, onde foi preso com correntes de ferro. O homem que o levou chamava-se Heath e disse-lhe que ele seria o número 55. A sua 55.ª vítima. Heath é um serial killer. Gabriel fugiu e conseguiu chegar àquela pequena cidade para contar a sua história. Antes que Chandler tenha oportunidade de começar a investigar, o próprio Heath entra na esquadra e conta a Chandler aquilo de que se lembra. Foi drogado e levado para um barracão nas montanhas onde foi preso com correntes de ferro. O homem que o levou chamava-se Gabriel e disse-lhe que ele seria o número 55. A sua 55.ª vítima. Gabriel é um serial killer. Dois suspeitos. Duas histórias idênticas. Qual delas é verdadeira? Conseguirá Chandler desvendar o enigma antes que o assassino ataque de novo?


 

Resumindo, este livro apresenta-nos a perspetiva de Chandler, o polícia sargento responsável por uma cidade pequena e pacata, onde os crimes raramente acontecem. Tudo isso muda quando surge um um homem dizendo que foi vítima de uma tentativa de homicídio, conseguindo escapar do assassino que dizia ele ser a sua 55ª vítima. No entanto, o suposto assassino vai à esquadra apresentar a sua versão dos factos: ele é que havia sido vítima de tentativa de homicídio. A mesma história, mas com cada um deles a afirmar estar no lugar da vítima. Afinal, quem tem razão? Sendo difícil de fazer frente ao primeiro crime desta dimensão, numa cidade remota e sem recursos, Chandler sabe que tem que pedir ajuda ao inspetor, Mitch. Mitch também é o seu ex-colega da polícia, seu parceiro num caso sem desfecho de desaparecimento, seu amigo egoísta com o qual deixou de falar.


Chandler é uma daquelas personagens que suscita logo empatia. Nota-se o seu gosto pelo trabalho, o facto de gostar de resolver os crimes pelos motivos certos, para fazer o bem. Além disso, é um homem de família, sempre preocupado com os filhos, Jasper e Sarah. Divorciado, é ele que toma conta da família, valendo-se da ajuda dos pais, bem importante já que o trabalho não lhe dá muito tempo para cuidar deles.

Já Mitch é uma personagem que não nos faz simpatizar por ele. Ao mesmo tempo, temos um paralelo com um passado que demonstra a antiga relação destes colegas. Com estes relatos e com os altos e baixos entre os dois, dei por mim a torcer para que eles revolvessem os seus conflitos, unindo-se novamente pela amizade. Poderia isto vir a acontecer?



O livro deixou-me logo altamente curiosa, com a grande premissa: das duas versões, alguma será verdadeira? Entre Heath e Gabriel, quem poderá ser o assassino? Pensei que este mistério ia ser a parte mais marcante do livro e não estava à espera de uma resposta fácil e linear. Sendo o que mais me chamou à atenção, esperava que houvesse uma terceira pessoa responsável ou uma resposta complexa que justificasse o facto de ambos terem versões exatamente idênticas. Não me acreditava que apenas um estivesse a dizer a verdade e o outro fosse o assassino, simplesmente assim. Pensei que este seria o grande mistério do livro e desiludi-me por verificar o contrário.


Afinal, a grande revelação acabou por ser a identidade do assassino. Não estava à espera que justificassem tão bem a mesma e que nos dessem uma identidade que não um simples desconhecido que apareceu na cidade como, à partida, tanto Gabriel como Heath parecem. Esta foi uma das minhas partes preferidas.


Já o que menos gostei foi exatamente o final. O autor ofereceu-nos um final em aberto, aquele desfecho que nos obriga a procurar por mais páginas no livro. Será que vem aí uma continuação para nos mostrar o que aconteceu? Adorava mas, sinceramente, não me parece. Este final está relacionado tanto com a vida privada de Chandler como com o crime em si e as ações do assassino. Chegamos à última palavra a prender o fôlego de tanta tensão, completamente submersos pela situação e, para nossa surpresa, não há um desfecho ou uma justificação para voltarmos a respirar. O fim não nos dá esperança, pelo contrário. É triste e acaba por parecer deslocado. Falta um hipótese para nos recuperarmos de um livro que nos faz perder a respiração.


Concordam comigo? Gostaram desta novidade?

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