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O Quarto de Jack | Uma reflexão sobre a liberdade

Orquídea Polónia

Temos mais uma opinião para partilhar convosco, desta vez sobre um livro bem intenso. Falamos de "O Quarto de Jack", de Emma Donoghue, livro que foi adaptado ao cinema.


Este livro conta-nos a história de Jack, um menino que faz 6 anos e nunca conheceu o mundo que existe para além do quarto onde vive.

A sua mãe foi raptada muito jovem e feita refém num barracão, acabando por engravidar do raptor, nascendo Jack. Como a criança nunca viu nada além do barracão, o Quarto, não conhece mais nada da realidade. Aliás, não sabe que existe uma realidade que não seja aquela. A sua mãe acaba por ter um plano de escape que corre bem graças à coragem e sabedoria de Jack. No entanto, agora que estão os dois cá fora, conseguirão dividir-se com o mundo? Será que Jack se vai adaptar a algo tão grande e cheio de novidades? O livro narra-nos, segundo a perspectiva do menino, a complexidade da socialização e da adaptação num caso tão curioso.

Este livro é obrigatório para quem gosta de desafios de reflexão sobre a condição humana. Leva-nos a desafiar tudo o que nós conhecemos e damos por adquirido. A autora faz um trabalho espectacular a criar uma história de ficção tão delicada e, ao mesmo tempo, tão bem construída. Principalmente tendo em conta que Emma escreveu todo o livro em torno da visão da criança, o que me surpreendeu um pouco. Mais uma vez, foi um dos casos em que a leitura se revelou mais completa que o filme.


Através da visão de Jack, vamos repensando em coisas que para nós nunca foram objecto de preocupação. Por exemplo, se nunca vimos uma outra pessoa que não a nossa mãe, será que os humanos são mesmo reais? E os desenhos animados também?

É tão interessante, além de elevar ao máximo a nossa compaixão.

As personagens estão bem construídas e rapidamente nos prendem à trama.


A escrita é fluída e bastante simples, não fossemos nós guiados pela voz de uma criança. Isso faz com que a realidade complexa seja facilmente passada para o leitor e imaginada. Não é nada difícil compreender como vivem estas duas pessoas num barracão transformado numa prisão, assim como compreender o pensamento tão diferente desta criança.

Gostaria apenas de que a história tivesse melhor desenvolvida, ver um pouco mais da adaptação da família. Parece que durante todo o livro as suas dificuldades foram sendo amenizadas por um senso de heroísmo. Ainda dentro do barracão, o perigo poderia ter sido mais assustador, criar mais suspense. Penso que neste nível apenas funcionou o plano de fuga.

Já depois de libertos, a adaptação é lenta mas, ao mesmo tempo, rápida. Gostaria de um ponto de viragem que nos fizesse temer, um bocado como o incidente com a mãe de Jack que acaba por ser leve e ignorado. Ela não está bem e a seguir já está, fazendo com que tudo termine bem. Existe toda uma adaptação gradual que poderia ter sido ainda melhor explorada.

Contudo, adorei o livro! E vocês? Para fãs do cinema, aqui fica o trailer:

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