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Sharp Objects | Do papel ao ecrã

Orquídea Polónia

Depois do espetacular livro, sobre o qual já dei a minha opinião aqui, Objetos Cortantes (Sharp Objects), de Gillian Flynn, foi adaptado ao ecrã televisivo pela HBO. Estava muito curiosa para ver o resultado e aqui vos trago a minha opinião!




Esta é uma série a não perder, com um enredo que nos deixa presos do início ao fim, principalmente à medida que os episódios vão avançando. Contudo, nem tudo foi, para mim, positivo.


Amy Adams é a atriz que dá vida a Camile, personagem principal, uma jornalista que regressa a Wind Gap para investigar os homicídios recentes, sendo que já há muito não estava com a família. Diga-se de passagem, a atriz faz um excelente trabalho ao dar vida a esta personagem, que mostra muito bem a tensão do seu passado, num lado feminino frágil, como só Gillian Flynn consegue escrever. Camile é uma mulher complexa, cheia de traumas psicológicos, e isso não fica a descoberto na série, o que é uma mais valia.

Outra atriz de parabéns é Eliza Scanlen, que interpreta Amma, irmã mais nova de Camile. A única que lhe resta, já que Marian, outra irmã, faleceu quando ainda eram crianças. Amma foi quem ficou a viver com a mãe, dando o ar de menina inocente, mas que de inocente não tem nada. Basicamente, Eliza foi uma ótima atriz a interpretar alguém que vive também a fazer de conta que é outra pessoa. Amma é uma adolescente rebelde na pele de cordeiro, uma rapariga perigosa e manipuladora. Uma sonsa convincente, pelo que Eliza conseguiu passar mesmo a mensagem certa.

No geral, as interpretações deram mais fidelidade ao livro.



Gostava que a série tivesse mais que oito episódios para que o enredo fosse melhor explorado. Apesar da boa qualidade geral, penso que não foi tão aprofundado. Além disso, foi mais centrado no drama, principalmente no drama familiar.

Acho que no livro há mais ênfase para a história dos homicídios, as crianças, as ligações, as teorias. Na série isso acaba por se tornar secundário para a relação de Camile com a irmã e com a mãe, Adora. É claro, são estas relações que tornam a série fabulosa, mas todo o mistério em torno dos homicídios apenas iria ajudar à festa. Não tendo este fator de horror que nos arrepia, acaba por se perder o choque final com a revelação extrordinária daquele plot twist.


Algo que também acaba por se tornar diferente é o facto de que o livro gira em torno de Camile, sendo sempre apresentado o seu ponto de vista. Apesar disso se manter, sendo uma série, conseguimos ver mais do que o pensamento dela, com as outras personagens a ganharem mais espaço. Por outro lado, por vezes dificulta vermos apenas as ações de Camile, não podendo ter acesso ao seu pensamento através da narração, perdendo um pouco da sua gigante profundidade.

Algo que também gostei foi a forma como trouxeram Marian para a história, mostrando o passado de Camile, através de flashbacks bem concretizados.



Pelo lado negativo, posso dizer que a série começa de uma forma demasiado lenta, começando a apressar-se mais para adiante e a ganhar mais interesse. Foi um pouco o que aconteceu com o livro.


O ambiente de tensão e mistério está sempre presentes, com personagens que, além de humanas, são cruas e complexas. Foi bem escrito e interpretado. Muito ao jeito de Big Little Lies, não fosse o realizador ser o mesmo.

Mais do que uma série sobre raparigas mortas, é uma série sobre os dramas familiares e as fragilidades femininas. Mesmo tendo gostado mais do livro, aconselho vivamente e aponto como uma das melhores surpresas positivas nos últimos tempos nesta área!


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