Já sabem que gosto de livros cheios de mistério e suspense, misturados com crime e até um pouco de sangue, por vezes. Por isso mesmo já há algum tempo que tinha o autor M. J. Arligde na minha lista, sendo este bem conhecido. Por vários motivos, apenas agora consegui ler o primeiro livro da saga que tem Helen Grace como personagem principal. Aviso já, "Um, Dó, Li, Tá" é um livro bem forte e explícito, não adequado para quem se impressiona facilmente. E é por isso que eu adorei! Quem mais tem coragem?
Este livro conta-nos a história de Helen Grace, detetive de homicídios, e uma assassina em série. Tudo começa quando um casal é raptado sem qualquer hipótese de escapar, recebendo uma chamada da raptora que os informa que um deles deve morrer, deixando, para isso, uma arma com uma bala. Dos dois, apenas uma pessoa sobrevive, sendo apresentada à detetive Helen Grace como a pessoa que matou o namorado, mas a sua aparência é a de vítima... Completamente assustada, com um sentido de culpa muito pesado, além de sinais de desnutrição óbvios devido aos dias sem comer. Será inocente? Quando outras pessoas são encontradas nas mesmas circunstâncias essa resposta torna-se óbvia, mas outras questões são colocadas: Qual é a conexão entre as vítimas? E quem está por detrás disso?
Com os desenvolvimentos, Helen começa a desconfiar que ela própria seja a ligação. Assim, quem a estará a usar?
M. J. Arlidge é um autor com uma escrita simples e cativante, apesar de não poupar em pormenores. A sério, se procuram um livro sombrio este é perfeito. Há muita coisa complexa nesta história, mesmo a própria Helen não é simplesmente apresentada como uma mocinha boa cujo único lado que vemos é o de detetive. Não, ela tem um passado e uma história negra que a marcam nos dias de hoje.
Além disso, as vivências das personagens durante os raptos são muito bem descritas, pelo que conseguimos perceber a dimensão do desespero de quem passa dias sem esperança e com fome. A sério, nunca tinha pensado na sobrevivência desta forma! É muito forte!
As personagens são fantásticas, dá para gostar de todas e sentir empatia por quem devemos sentir imediatamente. Até a capa é excelente e dá logo vontade de ler, com o título cujo relevo das letras nos faz lembrar marcas de sangue. Simples, mas brilhante.
São poucos os senãos deste livro. Primeiro, senti que, por vezes, queria que se denvolvesse mais um pouco. Queria mais pistas para tentar descobrir a/o assassina/o, cuja identidade só descobri quando foi revelada. Esse foi outro ponto que me entristeceu. Gostaria de ter tido mais pistas, algo que apontasse o caminho para descobrir a verdade, mas tal não foi possível até a perspetiva de Helen nos ser revelada a 100%, revelando coisas que não sabíamos e que nos fez estar a zero relativamente à verdade sobre a pessoa responásvel pelos raptos.
O final teve algumas coisas tristes, sobre as quais me apetece falar (ou seja, escrever) e gritar, mas não posso para não revelar mais spoilers.
Portanto, aconselho mesmo toda a gente a ler e vir opinar comigo!
De resto, a escrita super fluída faz com que uma pessoa não se canse. Além disso, gosto do facto de se irem revelando diversos pontos de vista: das vítimas, de Helen, dos seus ajudantes, etc. Os capítulos são, assim, muito curtos, o que é, para mim, um ponto a favor.
O mistério é enorme, e adoro isso! Infelizmente, acabei por não ficar muito surpreendida com o final, a pessoa que cometeu os crimes não nos deixa abalada pois não é alguém por quem criamos empatia suficiente, apesar de ser evidente que essa pessoa nos alerta para a linha mesmo muito ténue entre o bem e o mal, as intenções boas e más.
Recomendo mesmo esta leitura, fiquei fã do leitor e estou ansiosa para partir para os livro seguintes!