top of page

Mother! | Um arrepiante olhar sobre a vida de mãe

Maria Jesus

“Mais do que uma cara bonita”, Jennifer Lawrence protagoniza“Mother!”, um filme que me deixou boquiaberta.

Quem viu o trailer, é evidente que a vida dela e dele dão uma volta de 180º graus quando um homem lhes bate à porta, tornando esta visita proporções descabidas e excêntricas – os convidados multiplicam-se e a confusão do espectador é tão descomunal e grandiosa quanto as cenas que Darren Aronofsky produz.

Mas quem é ela e quem é ele? Ela é uma artista, uma mulher profundamente apaixonada por ele e pela casa que reconstruiu, com as suas próprias mãos, das cinzas. Ele é um escritor, viciado em álcool e atenção com um sério caso de bloqueio, que consome todo o seu tempo e ser.

Não querendo contar toda a história do filme, Mother! captura na perfeição a pressão que as mulheres passam, principalmente aquelas que partilham a sua vida com um homem: as opiniões e constrangimentos dela não interessam, a privacidade dela é-lhe negada porque ele gosta da companhia alheia, as suas habilidades são-lhe contestadas (ninguém que entra naquela casa acredita que foi ela que a construiu), os seus pedidos são ignorados – o que importa é ele, é ele que a define, chama-se musa, a sua musa, e é apenas isso que ela é, uma mulher para o servir e servir aqueles que estão lá para o ver, para o adorar.

E se nunca quiseram reclamar com um ecrã de cinema ou insultar a belíssima Michelle Pfeiffer, preparem-se – Pfeiffer interpreta a mulher, a mãe que aponta o dedo às outras pois não são mães como ela, a mãe que, apesar de igualmente mulher, espezinha a protagonista e bajula-o, o seu querido e generoso anfitrião.

Mas o filme não se fica por aqui, escalando do oito para o oitenta, com cenas catastróficas e apocalípticas, aquando a gravidez da personagem de Lawrence – uma manifestação física das batalhas de uma mãe que vive à sombra do marido, apenas lutando para sobreviver mais um dia numa vida que não escolheu, vendo tudo à sua volta desmoronar (claro, todas as mortes e torturas que vamos vendo nestas cenas podem, igualmente, ser uma ode aos vários atos terroristas que têm vindo a acontecer na atualidade).

Aronofsky traz similarmente à tona medos que qualquer mãe partilha – perder o filho para o mundo num abrir e fechar de olhos (literalmente), acabando por o ver morrer e ser consumido pela sociedade à sua frente, completamente impotente. É aqui que a vemos tomar as rédeas da ação, apenas para ser criticada, insultada, maltratada, como frequentemente acontece a muitas mulheres que erguem a cabeça e enfrentam o mundo.

O final de Mother! é análogo ao seu inicio, sendo que ela incendeia a casa e todos os presentes, uma forma de demonstrar que sem ela a casa não é um lar, mas sim cinzas: descobrimos que ele não morre e que o amor de mãe nem com a morte se finda – assim, começa tudo novamente, com uma nova mulher, uma nova ela, uma nova mãe, a acordar e a procurar por ele

Depois de vários insultos, lágrimas, incredibilidade e choque, posso dar-vos o seguinte conselho: corram para a sala de cinema mais próxima e vejam Mother!! Depois digam-nos o que acharam 😉

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page