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Em entrevista com..... Daniela Antunes

Maria Jesus

Quem se lembra da resenha d'O Ano Francês, que fizemos há uns meses atrás? Pois bem, hoje entrevistamos a sua autora - Daniela Antunes!

Daniela S. Antunes Rodrigues, de Torres Vedras, estuda Ciências Políticas e Relações Internacionais na Universidade Católica Portuguesa e conta já com participações em vários concursos de escrita (poesia e prosa), chegando a representar o distrito de Lisboa na fase final do Concurso Nacional de Leitura em 2014.

Como por aqui adoramos o seu livro, não podiamos perder a oportunidade de conversar com Daniela e ficarmos a saber um pouco mais sobre si e o seu livro - quer saber o que falamos? Leia a entrevista abaixo!

O que a inspirou a escrever "O Ano Francês"?

Tudo começou com uma promessa de Ano Novo para escrever um pouco todos os dias. Independentemente da quantidade, o importante era manter a tinta a correr; por isso, não esperava que se transformasse num livro, projeto que exige coerência na história que me prontifiquei a contar.

Na altura estava no 11º ano de escolaridade, e "Os Maias" foram a minha obra de referência - as longas e complexas descrições, a simbologia, o drama e a contextualização num período específico da História. Já no 12º ano, o ritmo rápido de Saramago pautou a composição do desenvolvimento d' "O Ano Francês".

O período temporal escolhido para a minha obra teve por base as minhas próprias raízes - Torres Vedras foi uma cidade profundamente envolvida nas Invasões Francesas, e o seu impacto muito foi além da componente militar. De facto, as ideias deixadas de Liberalismo, Direitos do Homem, Constitucionalismo são defendidas veemente por Albert Jacques e Manuel Melo. Embora se possa depreender pelas "pistas" que vão sendo deixadas pela obra, não era meu objetivo delimitar de forma demasiado rígida a data - as temáticas abordadas são transversais, e queria que o leitor, mais do que analisá-las na época, transpô-las para as suas próprias experiências pessoais.

Em suma - a minha inspiração teve origem na História, na Literatura, e na minha própria ânsia de escrever, pois como coloquei na dedicatória "a minha alma já so repousa em leito de papel".

Sendo tão jovem, como foi para si publicar um livro? Que dificuldades encontrou?

Foi sem dúvida um desafio! O meu grande receio era que não levassem a minha obra a sério, porque a minha idade em nada se refletiu no tom geral do livro. Contudo, como tudo aquilo que é desafiante, é também extremamente recompensador - principalmente quando oiço os pareceres daqueles que tiraram um pouco do seu tempo para ler "O Ano Francês" .

Qual foi a sua cena favorita de escrever? E que personagem mais a fascina?

A minha cena favorita de escrever... Talvez a do Capítulo VI, a festa da aldeia (atenção ao spoiler!) na qual Carlota e Pierre acabam por se envolver. É um momento recheado de ternura e de desenvolvimento das próprias personagens. Tentar transmitir para palavras a linha muito ténue entre o sonho e a realidade, ritmar com passos de dança aquele trecho da estória deu-me muito gosto a escrever!

Quanto à personagem que mais me fascina... Sendo a autora, não deixo de sentir um encanto por todas elas, e não as teria colocado se não acreditasse que o seu contributo fosse relevante para o livro como um todo. Escolhendo uma, seria a Catarina. É uma personagem densa, realista, e não a podemos enquadrar com exatidão no "bem" ou no "mal". Nota-se que nutre um certo carinho por aqueles a quem serviu, e, simultaneamente, revolta por ter sido forçada a fazê-lo. Há uma profunda amargura pela vida que leva, não podendo ser censurada por isso. Para almejar aquilo que acredita merecer, para alcançar a felicidade, fará o que for preciso. Quem nunca agiu de forma egoísta? É das personagens que dá mais azo à introspeção.

Dado os acontecimentos pelos quais Carlota passou, de que forma esperava que os seus leitores interpretassem o final do livro?

A Carlota é protagonista e, como tal, foi das personagens que sofreu maior desenvolvimento ao longo do livro. Inicialmente um tanto ingénua e com uma série de preceitos ja inculcados na mente, vê o mundo à sua volta ser lentamente desmontado com a morte de seu pai. Quando alguém é sujeito a este tipo de experiências, o mundo torna-se uma grande interrogação e é difícil voltar a erguer com confiança relações e expectativas em relação aos outros.

Estando o final aberto a interpretação, o que pretendia era que os leitores estivessem tão indignados quanto a protagonista no final da obra - afinal, viram as suas próprias expectativas em relação a várias personagens e acontecimentos serem derrubadas igualmente.

Para quando podemos esperar a sequela? Com as pontas que ficaram soltas, acho que posso dizer que todos esperamos que esteja para breve!

Para breve! Embora ainda não tenha posto as "mãos à obra", desde o momento em que finalizei "O Ano Francês" que tenho a narrativa delineada.

Para além de "O Ano Francês", tem outros planos literários em mente? Pretende aventurar-se por outros géneros literários?

Anteriormente escrevia muita poesia. Porém, sempre considerei que poesia requer um estado de espírito muito específico. Talvez volte a escrever umas quadras!

Escrevo pequenas prosas frequentemente, embora não as costume partilhar. Quando se escreve, nunca se deve parar!

Ficaram com a pulga atrás da orelha? Nós também! Prometemos partilhar convosco mal haja novidades sobre o volume II d' "O Ano Francês" ou outras obras de Daniela Antues ;)

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