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Lugares Escuros| Análise à história dos Day

Orquídea Polónia

O mês de Abril terminou, para mim, com o fim da leitura de "Lugares Escuros", de Gillian Flynn. Foi uma leitura um pouco mais demorada do que aquilo que eu esperava, tanto por falta de tempo como por falta de capacidade de me prender ao livro em certos momentos. Passei a gostar desta autora com o livro "Em Parte Incerta" (Gone Girl), que foi o meu livro preferido até agora, capaz de me fazer prender a respiração tal era o mistério naquelas páginas, a capacidade de no surpreender capítulo a capítulo. O filme de Gone Girl também está espetacular, completamente fiel ao livro, e eu recomendo ambos a todas as pessoas! Relativamente a "Lugares Escuros", comecei também por ver o filme, com expetativas altas. É um bom filme, mas nada de outro mundo. Quando comecei a ler já sabia a resolução do crime dos Day, mas não sei se essa terá sido a única razão para me perder de vez em quando na leitura. A verdade é que gostei, mas esperava mais da autora.


A personagem principal é Libby Day, uma mulher que não está dentro dos estereótipos de vítima-heroína como é habitual, é antes uma pessoa que é difícil de gostar, com uma alma marcada pelo assassinato da família. Pois é, Libby tinha 7 anos e vivia numa quinta com a família, quando a mãe e as duas irmãs foram brutalmente assassinadas numa noite. O irmão mais velho, Ben Day, foi acusado dos crimes visto o seu historial: estranho e sem amigos, ligado a rituais satânicos, más companhias e drogas, acusado de abusar sexualmente de raparigas mais novas. Libby foi a única sobrevivente, perdendo a família e alguns dedos dos pés, tendo sido o seu testemunho de criança confusa que levou o seu irmão à prisão. Já adulta e sem nada nem ninguém, Libby conhece o Kill Club, grupo que investiga crimes por passatempo, e vê a sua oportunidade de arrecadar dinheiro ao participar nas suas investigações e desenterrar o seu passado. É nesse momento que as dúvidas começam a surgir: terá sido mesmo Ben o culpado?


O livro segue-se assim com paralelos entre o presente, em que Libby vai investigando o que aconteceu, e o passado, nas perspetivas de Patty (a mãe) e Ben. Descobrimos (atenção, vem aí SPOILERS) que a quinta estava cheia de dívidas e que a iriam perder, além do facto de Ben ter a vida toda lixada - era muito próximo de uma miúda mais nova o que levou às acusações de abuso sexual que foram exageradas, pelo que estava a ser investigado pela polícia, além de ser altamente influenciável pelos outros e inseguro, namorando com Diondra, uma rapariga manipuladora de quem é impossível gostar (mesmo para um puto inseguro, não percebo), que acabou por engravidar, participando uma vez de rituais satânicos para lhe provar o seu valor. Sim, Ben não era santo nenhum. Nos dias presentes, Libby vai falando com algumas pessoas do passado e juntando as peças, colocando a sua vida em risco. Em conjunto com os testemunhos do passado, descortinamos o mistério, chegando à conclusão que aquela noite foi bem complexa, numa maré de azar da família.


Penso que o livro perdeu um pouco pelo ritmo lento, principalmente na parte inicial, em que a descrição se intensificou demais. As personagens também poderiam ser melhor trabalhadas, tendo algo de fenomenal e de pobre ao mesmo tempo - fenomenal porque eram, assim como a trama, cruas e reais; pobre porque precisava de um elemento que criasse mais empatia. Aprendi a gostar de Libby, mas demorou. Nunca tive um motivo para gostar de Ben. A trama em si foi bem pensada, o assassinato e o fim da história foram ótimos. Mas um elemento que me fizesse sentir chocada e abalada! E a forma como Libby descobriu o assassino da mãe poderia ter sido mais elaborada. Já o que eu preferi foi algo característico de Gillian, em que não existe medo usar um tom macabro e obscuro para descrever as personagens e os acontecimentos, para além do confortável. Concordam?

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