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13 Reasons Why | Primeira impressão sobre a série da vida real

Orquídea Polónia

A primeira vez que ouvi falar sobre 13 Reasons Why foi relativamente ao livro, li sobre o que se tratava e fiquei curiosa para ler. Quando vi que a Netflix tinha lançado a série sobre o mesmo fiquei ainda mais curiosa para ver. Por fim, vi todo o alarido que causou, o sucesso que atingiu e a consciencialização que criou. Aí deixou de ser uma mera curiosa para passar a ser a próxima da lista “séries para ver obrigatoriamente e rapidamente”.

E já vi o primeiro episódio, pelo que vos venho dar a minha opinião. (Atenção, SPOILERS)

Antes de mais, há que dizer que a Netflix se tem demonstrado forte nas suas produções, e este não deixa de ser um exemplo disso mesmo. “Por Treze Razões” conta a história de Hannah Baker, personagem com um fim trágico, que divulga cassetes de áudio com 13 razões para lhe acontecer o que aconteceu. Clay Jensen, seu amigo, é quem nos guia nesta história na medida em que é ele que ouve as cassetes de Hannah, que logo explica as regras: as cassetes têm 13 motivos que levaram ao fim da sua vida, quem as ouve é um desses 13 motivos/pessoas, pelo que terão de ser ouvidas e passadas ao próximo.


Confesso que no início fiquei um pouco confusa e aborrecida, a série inicia-se lentamente e eu esperava que ficasse logo claro o objetivo. Mais ou menos a meio Clay prossegue com o áudio e o interesse começa a aumentar, prendendo-me ao ecrã. Só no fim tenho aquela cena que tanto esperava: uma razão, o início de tudo, algo que nos toca. Ao contrário do que esperava, Hannah aparece como uma adolescente completamente normal – tem amigos, é bonita, nada de errado e ainda erradia confiança. Não, não é deprimida nem tem algo quebrado à partida. É simplesmente uma rapariga, conferindo-lhe um toque real. Afinal, as tragédias acontecem às pessoas normais, com uma vida real e até alegres. Sim, é um bom começo descortinar isso. Ponto a favor.

Então, afinal, qual foi o primeiro passo para a queda de Hannah (ou suicídio, chamando as coisas pelos nomes)? Foi Justin, um rapaz por quem ela se apaixona e que lhe tira uma foto completamente inocente em que ela está a descer um escorrega no parque e se vê um bocado demais – as cuecas. Assim a memória do primeiro beijo perfeito foi substituída pela desilusão quando os rumores de que eles teriam feito algo mais começaram a circular na escola, pois a foto perdeu a sua inocência ao ser confundida com algo mais: uma rapariga no meio da noite praticamente em cuecas, prestes a envolver-se sexualmente com um rapaz. Claro que isso foi motivo de gozo. Se aqueles adolescentes tivessem uns anos a mais talvez chegassem à grande conclusão que aquilo não era nada demais – poderia ser coincidência, e mesmo que ela se tivesse envolvido com ele não deixava de ser a vida dela. Mas falamos do secundário, onde tudo ganha proporções maiores, desde uma borbulha até aquelas piadas sexuais que fazem (sobretudo) os rapazes sentirem-se os maiores. Tudo é motivo de gozo e Hannah sentiu-o na pele. Justin, precisando da aceitação do grupo social como muitos jovens precisam, não desmentiu nem tentou parar os rumores – antes ela do que ele. Porque aqui entram também os estereótipos de género: ambos se envolveram, o que significa uma medalha para o rapaz – pois ele é o maior – e um rótulo para a rapariga – é uma vadia.


Poderíamos passar panos quentes e dizer que o episódio está apenas a exagerar, é drama. Sim, é drama televisivo, mas não é exagero pois falamos de uma foto normalíssima que foi interpretada de forma errada, levando a um tipo de bullying sexual e verbal cruel, intensificado pela facilidade moderna das novas tecnologias: basta apertar um botão e toda a gente fica a saber. Coisas assim acontecem na realidade, basta estar atento/a à televisão ou internet, ou ainda pensar no que se passa ou passou no secundário. Porque de boas intenções está o inferno cheio, todas aquelas pessoas que se riram de Hannah – só um bocado, era tudo brincadeira, não é preciso levar a mal – criaram nela um buraco que foi aumentando.

E isto foi só o início, é o que dá a parecer o episódio. Não vemos que isso afetou Hannah na realidade, o que aconteceu depois. Sabemos que existem outras 12 razões, provavelmente piores. Se inicialmente esse foi o ponto fraco pois parecia que era um capítulo muito introdutório e que se desenvolvia demasiado lentamente, no fim passa a ponto forte pois termina no momento em que começamos a ficar sensibilizados e queremos saber mais. Hannah é uma miúda divertida, cria empatia. É claro que o mesmo vai acontecendo com Clay, apesar de ficar com a sensação de que não conhecemos bem nenhum dos dois. Fiquei curiosa para saber mais sobre eles, saber os restantes motivos e ver o que acontece.

Não posso, para já, dar 13 motivos para verem a série, mas recomendo pelo seu lado realista e pelo retrato do ensino secundário, vale a pena acompanhar Hannah e Clay. Voltarei com nova opinião assim que terminar os restantes episódios. Até lá, digam de vossa justiça o que acharam!

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