Mais um dia e mais uma opinião, desta vez temos literatura nacional, com o livro “Promete-me” da autora C. M. Cruz. Mais do que recomendada, é uma leitura obrigatória.
“Promete-me” conta-nos a história de Elizabeth Collins, Beth, uma rapariga que tem tudo na vida e é feliz, desde uma ótima família até um bom relacionamento e sucesso profissional. No entanto, quando menos espera é raptada e a sua vida sofre uma reviravolta para pior. Os seus horrores começam, durando 7 anos: tortura, violência, violação, escravidão, humilhação, etc. Beth converte-se na 17, uma escrava sexual de Mestre, um monstro horrível. O livro decorre com paralelos entre o passado - na época em que ela ainda era escrava, narrando os acontecimentos horríveis pelos quais ela passou – e o presente, onde ela ainda se tenta libertar do seu passado e daquelas celas que já não são físicas mas sim psicológicas. Sendo uma mulher forte, Beth consegue construir uma nova vida e chegar perto da felicidade, tendo uma boa família e amigos, mas também um novo interesse amoroso, Alec, que lhe faz promessas que podem ser difíceis de realizar. No entanto, parece que talvez o seu passado a queira voltar a apanhar… E mais não conto para não estragar a surpresa! Apenas digo que o final é bastante surpreendente e quero muito ler a continuação da história! Aliás, podem saber mais sobre o livro aqui:
https://www.chiadoeditora.com/livraria/promete-me.
Este é um ótimo livro que demonstra que os autores nacionais também são bons, penso que C. M. Cruz se iniciou na escrita de uma excelente forma. É um livro com uma temática sensível, e alerto para o facto de conter uma linguagem forte e explícita com conteúdo violento e sexual patente. Para mim, não foi problema, por vezes foi até necessário para conferir um tom mais realista à trama, além de ser equilibrado com uma escrita simples e fluída que facilitou imenso a leitura. É um livro que se lê bem e depressa. As personagens são bem construídas, pelo que gostei da força e coragem que caracterizaram a Beth e também da forma como Alec foi construído, quase como o homem perfeito para ela e que me deixou a suspirar e a torcer por eles os dois! A minha parte favorita foi a capacidade da autora de suscitar a curiosidade conforme decorre a leitura, sempre á espera de saber mais sobre o passado de Beth mas também sobre o seu futuro. O suspense funcionou muito bem!
A nível negativo há muito pouco a apontar. Apenas alguns erros que devem ter passado despercebidos, mas que não dificultaram a leitura. Gostava de saber mais sobre o Mestre e a sua organização: quem é que ele é, o que quer e porque faz isto? Talvez sejam respostas que encontraremos na continuação do livro. Estou mesmo curiosa para saber o que se vai passar a seguir! A capa está bem conseguida, ilustra de forma inteligente o tema. Falta-me dizer que este livro retrata um problema real mas que é muito pouco falado, sobretudo do ponto de vista das vítimas, e é preciso ter coragem e sensibilidade para o fazer. C. M. Cruz conseguiu fazê-lo muito bem, deixando-me ao mesmo tempo triste, chocada e revoltada por tudo o que aconteceu com as personagens, as suas companheiras e vítimas reais. Agora, a título de curiosidade, o tema fez-me lembrar do meu próprio livro, Flashback – Memórias Esquecidas, que o aborda de uma maneira completamente diferente e de um outro ponto de vista, quase que se poderiam complementar, o que achei super curioso e divertido!
Mais uma vez, recomendo esta leitura!