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Poema | O que vês quando me olhas

Orquídea Polónia

Diz-me o que vês quando me olhas

Porque nada do que vês é o que sou

Como um céu infinito, imensa escuridão,

Estrelas incontáveis que a galáxia quebrou

E são pedaços de alma numa vastidão

Diz-me se vês um espelho ao olhar-me

Porque talvez seja por isso que te vejo

Um outro planeta, num espaço inalcançável

Uma presença suave como um beijo

Partilhando estrelas, uma incerteza inabalável

Porque fechas os olhos quando me olhas?

Há partes de mim que não são visíveis a olho nu

Estrelas microscópicas num poço profundo

Talvez quem tenha razão sejas mesmo tu,

Que fechas os olhos para observar o mundo

Pensas, contudo, que me lês quando me olhas

Não sabendo que estou escrita n’outra linguagem

Caracteres especiais, astronomia do mistério

Ora a calma do mar, ora um furacão selvagem

Cabe ao leitor escolher, para me olhar, o seu critério

Mas tudo o que possas ver quando me olhas

Não muda em nada aquilo que se inscreve em mim

Tenho todos os pedaços que nem eu conheço

E tu verás só as estrelas que eu te iluminar por fim

A complexidade é uma doença da qual padeço

Nem eu sei o que vejo quando te olho

Nem sei como te olho, com que observar

Será espelho, ilusão, sonho ou esperança

Que pedaços de ti poderei vir a decifrar

Ficarás para me ler, testando a perseverança?

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