Agora eu sei que é miragem
O que desejei eterno foi só passagem
Tal como a lua, as faces são variadas
Vai e volta em ciclos, vidas viciadas
Como uma luz intermitente
Um sonho em forma de gente
Qual poesia do impossível
Pinta-se o que foi invisível
Agora preto e branco, antiguidade
Questiona-se se já foi verdade
Apenas uma memória esbatida
Uma recordação quase esquecida
Não vamos reavivar o que já morreu
Este tipo de dor já conheço eu
Devia ter previsto a sua chegada
Soubesse eu que restaria o nada
Menos que nada, apenas esperança
Pois quem espera por gosto não cansa
Mas um dia quando a lua alto se puser
O sol beijará outra estrela, voltará a viver
Nessa noite terminará o que não começou
A lua perceberá que nunca se eclipsou
E que o sol brilhava mesmo sem ela
Deixou de esperar no alto, qual sentinela.