Há em mim um buraco
Algo negro de podridão
Apenas eu consigo sentir
Ninguém vê para o coração.
Mesmo quando o sol brilha alto
E não há chuva a cair
O buraco parece um bloco de gelo
Até que deixe de o sentir.
Mesmo com a chuva a correr
Os pingos a baterem na face
Tudo parece estar a morrer
Não há vida que se espalhasse.
Nem quando as mãos tremem cansadas
Quando os ombros não aguentam o peso
Não há olhar que se cruza e compreenda
O turbilhão que vive cá dentro
Onde as palavras já estão exploradas
Já não bastam para medir o sentimento preso,
Um buraco negro vindo de uma lenda,
Remoinho forte com o coração no centro.
(Escrito em Março de 2017)