Realizou-se mais uma edição do Vodafone Paredes de Coura, com o habitat natural da música a comemorar os 25 anos de existência. O cartaz prometia e o ambiente já se fazia prever o melhor, com as tardes passadas entre as margens e os barcos na água do já mítico Taboão
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Antes ainda do inicio oficial do festival, a música subiu à vila e aos seus habitantes mostrando que é de afetos e proximidade que se faz o Paredes.
No primeiro dia (o oficial), depois dos explosivos Mão Morta, ouvimos os Beak com os seus sons eletrónicos que nos levam a viajar na nossa mente. Foi o aquecimento perfeito para Future Islands, um dos mais esperados da noite que superou todas as expectativas. Ouvimos os êxitos, cantamos e dançamos, sempre com os olhos postos em Samuel Herring, cuja energia parece nunca terminar. A noite, ainda sem after, terminou com Kate Tempest e o seu hip hop interventivo, que nos faz refletir.
O segundo dia começou, no palco Vodafone, com os You Can’t Win Charlie Brown, que depois de no ano passado se mostrarem no IndieMusicFest este ano deram o ar da sua graça no Paredes de Coura, saltando logo para o palco principal. A noite prometia e no seu inicio ouvimos King Krule, um dos concertos mais aguardados. O rapaz tímido emocionou muita gente e, segundo alguns, até se esforçou para falar minimamente com o público. Fechar o dia com chave de ouro é terminar com Chet Faker (Nick Murphy) que surpreendeu todos com a sua energia em palco, chegando à loucura de atirar com um banco ao chão. Brindou-nos com os seus hits fazendo dançar até os menos energéticos e apresentou-nos as músicas do seu novo projeto. O after, levou a música pela noite dentro com os também esperados Jambinai.
No dia 18, tivemos Valter Lobo que nos embalou no palco jazz às 17h mesmo ao junto ao rio. As músicas calmas e agradáveis deixaram-nos descansar da noite anterior e prepararam-nos para o que aí vinha. Os BadBadNotGood, vieram mostrar daquilo que são feitos e provar que se calhar o nome da banda deveria ser GoogGoogNotBad. Os ainda muito jovens canadianos conseguiram apenas com os seus instrumentos levar Paredes de Coura ao rubro, com uma excelente interação com o público, vimos 20mil pessoas baixarem, quase junto ao chão, e de uma só vez, saltarem o máximo que conseguiram. Depois de 40 minutos de atraso devido a problemas técnicos, subiram ao palco os Beach House, donos de um espetáculo incrível, encheram-nos de amor, num concerto em que apenas se aponta a hora tardia a que teve lugar.
No último dia de festival, pudemos ver Alex Cameron, com as suas agradáveis músicas e danças peculiares, no palco secundário, mostrando-nos que também é de grandes concertos que se faz este palco. De seguida corremos para aquele que veio a ser o melhor concerto da noite. Benjamim Clementine emocionou-se e emocionou 27 mil pessoas que conseguiu afinar. Juntos, cantamos de luzes apagas e enviamos “condolence to fear” e “condolence to insecurities”. Neste concerto arrepiante e de cortar a respiração, quase que acreditamos que o mundo é um lugar bom e justo que juntos conseguimos combater todos os males que nele se abatem. Pela noite dentro e num after bem longo, já que este é o último dia e temos de o fazer durar, ouvimos, mesmo dentro das tendas, a música dada por Nuno Lopes.
Depois de lançados os confetis, cantar os parabéns e relembrar nostalgicamente fotos dos 25 anos de festival, termina assim mais uma edição do Couraíso, o festival da boa música e da magia. Paredes de Coura, o festival de sempre. Para sempre.