Monstro que estás à espreita
Não me leves a alma
Monstro que me observas
Devolve-me a calma
Senti no meu pulso fraco
O medo de te enfrentar
Mas peço-te que te vás embora
Por favor, esfuma-te no ar
Surges em formas de memórias
Num tom melancólico de sofrimento
Vens-me recordar histórias
Levas-me para lá deste momento
Monstro, que tantos nomes tens,
Mais não és se não o meu reflexo
Então olho-me ao espelho atentamente
Que ser humano tão complexo
Vejo o espelho partir em mil
Pedaços de uma alma fragmentada
Já não me vejo a face, não reconheço,
Nada resta de uma pessoa quebrada
Monstro que me reconstróis
Quem sou se não mil bocados?
Mil memórias, mil histórias,
Mil monstros que não estão calados
Sou seu, sou tu, somos nós,
Num desassossego que não se acalma
Resta-me ignorar este espelho
E tentar recompor a minha alma.