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Poema | "Monstro no espelho"

Orquídea Polónia

Monstro que estás à espreita

Não me leves a alma

Monstro que me observas

Devolve-me a calma

Senti no meu pulso fraco

O medo de te enfrentar

Mas peço-te que te vás embora

Por favor, esfuma-te no ar

Surges em formas de memórias

Num tom melancólico de sofrimento

Vens-me recordar histórias

Levas-me para lá deste momento

Monstro, que tantos nomes tens,

Mais não és se não o meu reflexo

Então olho-me ao espelho atentamente

Que ser humano tão complexo

Vejo o espelho partir em mil

Pedaços de uma alma fragmentada

Já não me vejo a face, não reconheço,

Nada resta de uma pessoa quebrada

Monstro que me reconstróis

Quem sou se não mil bocados?

Mil memórias, mil histórias,

Mil monstros que não estão calados

Sou seu, sou tu, somos nós,

Num desassossego que não se acalma

Resta-me ignorar este espelho

E tentar recompor a minha alma.

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